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sábado, 9 de maio de 2020

PANDEMIA - Cães e gatos não contraem nem transmitem coronavírus, alertam pesquisadores Por Redação

Os pesquisadores produziram um documento, endossado por mais de 60 cientistas, que reforça que cães e gatos não contraem nem transmitem a doença a humanos

Pixabay/yan1515
Um documento elaborado por 13 pesquisadores e endossado por mais de 60 cientistas reforça: cachorros e gatos não contraem nem transmitem o coronavírus que está adoecendo humanos em todo o mundo.

Os pesquisadores pertencem ao Laboratório de Etologia Canina (Leca) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesf) e são de diversas áreas, como biologia, medicina veterinária e zoonoses. O documento foi divulgado na plataforma Research Gate e elaborado pelos especialistas elaborado a partir do conhecimento pré-existente sobre zoonoses e de uma revisão de estudos sobre a relação entre a Covid e os animais domésticos, considerando as metologias aplicadas.

O grupo concluiu que a literatura científica é insuficiente para indicar que cães e gatos podem se contaminar com o coronavírus e, menos ainda, que poderiam transmitir a doença para humanos. A conclusão dos pesquisadores é a mesma da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, desde o início da pandemia, tem alertado que não existem indícios que apontem a capacidade desses animais contraírem e transmitirem o vírus. As informações são do jornal Correio Braziliense.

Apesar de cerca de cinco animais domésticos e um tigre terem testado positivo para o coronavírus no mundo – número baixíssimo quando se leva em consideração o tamanho da população mundial de animais domésticos -, a presença do micro-organismo não indica doença, conforme explicou a bióloga Natalia de Souza Albuquerque, doutora em comportamento animal e pós-doutoranda do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

“Foi detectado o vírus nesses animais, mas não se fala, ainda, do desenvolvimento da Covid-19. Uma coisa é encontrar o vírus, que não necessariamente está ativo ou infectante. Outra coisa é desenvolver a doença”, explicou.

A veterinária Aline Santana da Hora lembrou que, “possivelmente, esse resultado é reflexo da contaminação ambiental que uma residência com uma pessoa com Covid-19 pode ter”. A profissional é pesquisadora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e doutora em epidemiologia experimental aplicada a zoonoses. Ela lembrou que animais domésticos contraem coronavírus, mas um tipo diferente daquele que está adoecendo e matando seres humanos.

“A maioria das infecções é assintomática. Além disso, os coronavírus que são próprios de animais domésticos não causam doença em humanos”, explicou.

beabel2005/pixabay
Estudo sob análise de especialistas
Um estudo realizado em abril pela Academia de Ciência Agrícola da China afirmou que existia a possibilidade de gatos contraírem o coronavírus. A conclusão dos pesquisadores chineses, no entanto, foi refutada por especialistas brasileiros, que mostraram falhas no estudo que indicam que seu resultado não é de confiança. Permanece, portanto, a informação de que gatos, e também cães, não contraem a doença – tampouco transmitem a humanos.

Pesquisadores do Leca explicam que o maior problema do estudo é a metodologia usada. Os pesquisadores colocaram uma alta dosagem de Sars-CoV-2, popularmente chamado de coronavírus, no nariz de cinco gatos explorados para o estudo. Esses animais foram colocados ao lado de uma gaiola com outros três gatos saudáveis. Os animais do primeiro grupo e um dos animais do segundo testaram positivo para Covid-19. O experimento foi refeito e apresentou resultado semelhante. No caso dos cães, encontrou-se baixa suscetibilidade à infecção e transmissão.

Os especialistas brasileiros alertam, no entanto, que houve uma falha grave no estudo: ele não foi submetido à revisão pelos pares, procedimento no qual especialistas da área avaliam o estudo para que, só depois dessa fase, ele possa ser publicado.

Após o resultado da pesquisa chinesa repercutir nas redes sociais e sites de notícias, a veterinária Aline Santana da Hora apontou as falhas do estudo em um documento produzido por ela e por Paulo Eduardo Brandão, do Laboratório de Zoonoses Virais da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP.

“Não foram apresentados dados laboratoriais que comprovassem a saúde geral dos gatos utilizados no experimento, assim como o status desses gatos para as principais viroses felinas que poderiam contribuir para um quadro de imunossupressão e consequente interferência nos resultados da inoculação experimental”, apontam.

Os especialistas lembram ainda que os exames (RT-PCR e histologia) realizados nos gatos explorados nos testes chineses são insuficientes para determinar o contágio pelo vírus.

“Cabe ressaltar que nenhum dos animais apresentou sinal clínico após a inoculação experimental. Nem ao menos foi identificada lesão tecidual ou material genético de Sars-CoV-2 em pulmões, fato que é bastante intrigante, já que Sars-CoV-2 causa lesões graves em tecido pulmonar de humanos”, explicaram.

“A velocidade da pandemia vem pressionando a ciência por respostas rápidas, o que aumenta o risco de serem apresentados estudos com base em pequenas amostras, sem o rigor metodológico necessário e, consequentemente, com resultados inconclusivos e de baixa confiabilidade”, lamentou Carine Savalli, professora-associada do Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do Leca. “A ciência tem seu tempo para propor e testar hipóteses, refletir sobre os resultados, propor mais estudos, replicá-los em diferentes contextos, e somente com um grande volume de informações acumuladas e evidências muito claras é que se consegue chegar a conclusões mais seguras, que podem continuamente serem confrontadas e atualizadas”, completou.

A pesquisadora lembrou que “uma ciência acelerada pode descuidar de controles importantes e sugerir conclusões imprecisas ou equivocadas, que no mundo de hoje, tão conectado, pode causar um impacto rápido e muito negativo nas pessoas”.

O aumento do crime de abandono
Com a chegada da pandemia, casos de abandono de animais têm aumentado. Uns são jogados nas ruas por conta da crise financeira vivenciada por seus tutores. Outros são submetidos a esse ato cruel após seus responsáveis acreditaram em fake news, abandonando os animais por crer que eles podem contrair e transmitir o vírus.

Não bastasse os equívocos do senso comum, que frequentemente propaga a informação errada sobre o caso, perpetuando a ideia falsa de que animais podem transmitir o vírus aos tutores, o estudo chinês piorou esse cenário.

Isso porque, no último parágrafo do artigo consta a seguinte informação, que gerou polêmica e controvérsia no meio científico: “A vigilância de Sars-CoV-2 em gatos deve ser considerada como um complemento para a eliminação Covid-19 em humanos”. Uma simples frase fez o abandono e a matança de gatos aumentar em várias partes do mundo, conforme observado por ONGs de proteção animal.

Diante disso, fica a lição de que a ciência precisa agir de maneira responsável, para não condenar animais ao sofrimento – isso inclui não divulgar informações sem confiabilidade, como fizeram os pesquisadores chineses, e não explorar animais em estudos, adoecendo-os e muitas vezes matando-os.

Abandonar animais é crime. Independentemente da motivação do abandono, o infrator pode ser punido com detenção de até um ano, além de multa. A orientação das autoridades é de que testemunhas registrem informações sobre o abandono – relatos, fotos, vídeos, placa do carro dirigido pelo infrator, entre outras – e façam a denúncia à polícia.

Durante a pandemia, os animais devem ser vistos como boas companhias, capazes de ajudar o ser humano a enfrentar a solidão do isolamento social, não como objetos descartáveis que devem ser jogados na rua. Em meio à crise gerada pelo coronavírus, espera-se o exercício da compaixão através da adoção de animais e da retirada daqueles que estão nas ruas (ou ao menos do auxílio a eles, por meio do fornecimento de alimento e água), e não o aumento de uma prática desumana e covarde, que é o abandono.

Fonte: www.anda.jor.br
Anda - AGência de Notícias de Direitos Animais

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