Indígenas da comunidade awá guajá isolados na Amazônia estão “sofrendo um genocídio”, denunciaram os chamados “Guardiões da Selva”, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (18) pela ONG Survival International.
“Impeçam as invasões de nosso território ou nossos parentes Awá Guajá morrerão. Estamos avisando mais uma vez ao ESTADO Brasileiro e a comunidade internacional, que está ocorrendo um GENOCÍDIO do Povo Awá Guajá”, afirma o comunicado escrito por Olimpio Guajajara, coordenador dos Guardiões da Selva.
Formada em 2012, no Maranhão, essa frente indígena foi criada para tentar impedir a entrada de madeireiros e garimpeiros em seus territórios. Nos últimos meses, vários guardiões foram mortos.
O grupo afirma que seu trabalho permite proteger povos como os Awá Guajá que, com uma população de aproximadamente 400 pessoas, vivem isolados em três terras indígenas do Maranhão, segundo informações da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Os Guardiões informaram que os Awá Guajá estão se aproximando das aldeias Guajajara com mais freqüência, devido à “perda de território por atividades de exploração ilegal de madeira que estão devastando as últimas áreas da floresta preservada”.
No sábado, um indígena Guajajara foi atingido por uma flecha enquanto caçava na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, informaram os guardiões.
O homem foi resgatado, no entanto, sem vincular diretamente a ação aos Awá Guajá. Os guardiões disseram que se tratou de um evento inédito, que pode refletir um aumento nas invasões de territórios indígenas.
“Os não indígenas fazem promessas e não as cumprem. Criam leis e decretos que não cumprem. Trazem doenças e pandemias, as espalham no mundo todo, pois não sabem respeitar o que chamam de natureza, que para nós é sagrad”, diz o texto.
Segundo o Censo de 2010, mais de 300 povos indígenas vivem no Brasil, muitos deles isolados. Mais da metade vive na Amazônia, ameaçada pela exploração ilegal e em larga escala dos recursos da região.
O governo Jair Bolsonaro defende o uso comercial dessas áreas e se opõe à ampliação da demarcação de territórios indígenas.
A chegada da COVID-19 representa uma ameaça adicional. Um balanço da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) mostra que até o momento o vírus já se espalhou por 40 povos indígenas, contaminando 537 pessoas e deixando 102 vítimas fatais.
Até o último domingo, o Brasil registrou 241.080 casos e 16.118 mortes, sendo o país mais afetado pela pandemia em toda a América Latina.
Fonte: AFP
Retirado do site: www.ambientebrasil.com.br
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