O que provocou o enorme vazamento de resíduos de petróleo que contaminou mais de 150 praias do nordeste permanece um mistério. A Marinha, que coordena as investigações, explica que este incidente é “muito complexo e sem precedentes” e trabalha com “várias hipóteses” sobre suas causas.
Barril de petróleo avistado em praia de Barra dos Coqueiros , em Sergipe, em foto de 27 setembro de 2019, divulgada pela agência ambiental do estado |
Nesta terça-feira, uma especialista que acompanha as investigações confirmou informes publicados na imprensa segundo os quais os resíduos podem ter vazado de um “navio fantasma” que carregava petróleo venezuelano e tentava evitar sanções dos Estados Unidos.
“Ontem, tivemos uma reunião com [representantes de] vários órgãos, como Ibama, Marinha, Ministério Público Federal, pesquisadores e prefeitos, e na verdade pouquíssima coisa foi esclarecida, mas houve essa suposição de que poderia ter sido um navio fantasma”, disse à AFP Maria Christina Araújo, professora de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), um dos estados afetados pelo vazamento.
“Poderia ser um navio fantasma, que navega de forma ilegal, seguindo rotas pouco conhecidas, e poderia estar transportando petróleo cru da Venezuela por conta dessas sanções”, acrescentou.
A Venezuela, que chegou a ser um país rico em virtude da exploração de suas reservas de petróleo, as maiores do mundo, atravessa sua pior crise econômica e um enfrentamento político entre o presidente Nicolás Maduro e o líder opositor e presidente autoproclamado Juan Guaidó.
A situação da Venezuela piorou após as sucessivas sanções dos Estados Unidos contra o governo Maduro, incluindo medidas para restringir a venda de petróleo venezuelano.
O ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, disse a uma comissão do Congresso que o petróleo vazado “muito provavelmente vem da Venezuela”, citando um relatório da Petrobras, que ajuda nas operações de limpeza das mais de 150 praias afetadas em nove estados do nordeste.
A Petrobras assegura que os resíduos encontrados não são produzidos nem vendidos pela empresa.
Até agora, foram recolhidas 200 toneladas de resíduos de petróleo nas áreas atingidas, que castigam uma região já empobrecida que abriga as praias mais exuberantes do país e vive da exploração da pesca e do turismo.
A oceanógrafa da UFRN sustentou que aparentemente o vazamento foi acidental. “Não acredito numa teoria proposital”, disse à AFP.
“Na verdade, ainda existem muitas dúvidas”, acrescentou a pesquisadora, destacando que nunca houve no país um desastre dessa magnitude, que afeta uma área tão extensa.
Segundo o Ibama, em virtude do vazamento foram encontradas 13 tartarugas mortas, enquanto a ONG Verdeluz reportou 21 quelônios mortos só no estado do Ceará, um dos atingidos.
Fonte: AFP
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