Imagine um livro sobre histórias esquecidas dos primeiros mourãoenses, de lugares mal-assombrados, disputas de corridas de cavalos, tesouros de espanhóis e jesuítas do século XVI, do impacto de um eclipse total e uma praga de gafanhotos no mesmo ano, brigas de chefes políticos rivais, chegada do rádio e do cinema à região, e das belas garotas da zona do meretrício. Tudo isso e muito mais estão no romance “Água Fria – alma do alvorecer de Campo Mourão”, que o jornalista Silvestre Duarte lançará dia 26 de julho, às 19h30min, na Biblioteca Municipal Professor Egydio Martello.
O evento contará com a presença do ex-governador de Rondônia e atual coordenador do Sebrae/RO, Daniel Pereira, da Secretária Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, Marilza Oliveira Dias, do presidente da Câmara Municipal de Campo Mourão, Olivino Custódio, e autoridades locais da área cultural e do Executivo. Além de integrantes das famílias pioneiras de Campo Mourão, Pereira, Custódio e Teodoro, também estarão presentes familiares de Ubiratã, Campina da Lagoa, Moreira Sales, Peabiru, Engenheiro Beltrão e Maringá.
“Como jornalista e pesquisador, mergulhei em minhas raízes para falar das pessoas de outros tempos e do lugar em que nasci. Durante décadas, ouvi histórias fantásticas e impressões de pessoas da primeira geração nascida em Campo Mourão, como minha mãe, Benedita Pereira Duarte, que veio à luz em 1911, e de tios e tias que vieram depois”, conta Silvestre.
A alma de uma região
O novo livro complementa seu livro anterior, “Campo Mourão – da saga dos Pereira ao Eldorado Paraná (1897-1963)”, lançado em 2017, em que aborda a história física da região desde a chegada dos pioneiros, seu povoamento e ciclos econômicos, até a colonização do Paraná. “Agora, utilizo ficção e a história como fundo, para mostrar a alma dessa região fantástica”, acrescenta.
Valendo-se do realismo fantástico, o autor imprime magia em situações como a comoção da morte do presidente Getúlio Vargas na região, e “No Reino Encantado do Muquilão”, em que homenageia seus tios, que desbravaram parte do município de Luiziana, no início de 1950. Mistura pessoas reais com personagens da literatura de cordel dos livretos do tio que o influenciou na leitura, Manoel Inácio Pereira, que hoje aos 90 anos, mora em Rondônia e não virá ao lançamento devido ao estado de saúde. O filho Daniel Pereira o representará.
Entre as pessoas que receberão homenagens, está o decano da família, Conceição Pereira da Cruz, de 95 anos, pioneiro de Campina da Lagoa.
Lugarejos mágicos
“Água Fria” é o lugar onde moraram os pais e os avós do autor, uma baixada ao lado do Campo Bandeira. Silvestre resgata nomes esquecidos, como “Campo de Cima” e “Campo de Baixo”. Fala de lugarejos mágicos da memória de família: Barreiro das Frutas, Samambaial, Pingo d‘Água, Campina dos Teodoro, Sertãozinho, Venda Branca, Peabiru, Vila Rica, Salto das Bananeiras, Corredeira de Ferro, Bourbônia, Muquilão, Roncador, Água Quente, Iretama e Campina da Lagoa. E também rios e ribeirões, como o 119, Rio do Campo, Ivaí, Piquiri, Rio da Várzea, Gurucaia, Lontras, Ribeirão dos Inácio, Chupador, Corumbataí, Água dos Carula e Água Jacutinga. Tudo em Campo Mourão e região.
Nem o Saci Pererê e a Mula-sem-Cabeça, e as mais temíveis criaturas das matas, Pai-do-Mato, Caipora e Boitatá, ficaram de fora. E ainda as terríveis “visagens” que assombravam certos lugares dos primeiros tempos. Tudo contado como era visto na época pelos antigos. O livro é ilustrado com desenhos do próprio Silvestre.
Fonte: Jair Elias Santos Júnior
Nenhum comentário:
Postar um comentário