Os 150 anos da morte de Allan Kardec, propagador da doutrina do espiritismo, foram lembrados em sessão especial do Senado nesta segunda-feira (13). Escritor e educador, o francês Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu numa família de orientação católica com tradição na magistratura e na advocacia e faleceu em Paris, em 31 de março de 1869, aos 64 anos. Ele adotou o pseudônimo Allan Kardec em seu trabalho de codificação da doutrina espírita.
Autor do requerimento para a homenagem, o senador Eduardo Girão (Pode-CE) chamou a atenção para a importância de Kardec, ressaltando que em várias publicações, principalmente em O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo, ele “revelou conceitos novos e mais aprofundados a respeito de Deus, do universo, dos homens, dos espíritos e das leis que regem a vida”. O senador disse que teve o primeiro contato com a doutrina após ser acometido por síndrome do pânico, há cerca de 20 anos.
— Para mim é muito especial falar de Allan Kardec, falar do espiritismo, porque a minha vida foi transformada nesta existência pela doutrina espírita.
O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) relatou que seu pai e tios, já falecidos, eram advogados e chegaram a defender um homem e a conseguir absolvê-lo de um processo criminal em Campo Grande, após terem recebido uma mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier.
— Foi um caso emblemático no Brasil e eu tive a oportunidade de ler essa mensagem. Aquilo foi o primeiro ponto que me tocou profundamente para poder me inteirar mais sobre a doutrina espírita, que me conduziu a ser um cristão praticante — relatou.
Testemunhos
A presidente do Centro Espírita Luiz Gonzaga de Pedro Leopoldo (MG), Célia Diniz, relatou que após ter perdido um filho, no ano de 1983, passou a transmitir a mensagem de que “uma mãe espírita sepulta um filho com muito mais equilíbrio, coragem e condições de superação”. De acordo com Célia, embora os espíritas não tenham respostas para todos os problemas da vida, a doutrinação ensina muito mais do que “uma filosofia materialista”.
— Nós aprendemos que a morte não é castigo, que tudo que Deus faz é para nos proteger, nos amparar e nos fortalecer no momento mais doloroso das nossas colheitas.
Presidente da Associação Peter Pan e ex-presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará, Olga Lúcia Espíndola Freire Maia disse que Allan Kardec recebeu mensagem do Consolador, segundo a qual não se deve fazer “das coisas do céu degraus para as coisas na terra”.
— E a gente sabe quando está fazendo das coisas do céu degraus para as coisas na terra, porque os bons espíritos se afastarão dos cegos. Como se vai escolher um cego para fazer com que se compreenda a luz?
O presidente da Federação Espírita Brasileira, Jorge Godinho Barreto Nery, disse que a data em que se comemora o desencarne de Allan Kardec sedimenta sua imortalidade. Para Godinho, a codificação do espiritismo é um ensinamento novo e, ao mesmo tempo, “uma ciência de observação e uma doutrina filosófica”, onde os espíritos se expressam mostrando a comunicabilidade entre ambos os planos da vida.
— Depois da obra que ele nos trouxe, jamais a humanidade esquecerá o arcabouço filosófico que ele codificou.
Já o orador espírita Haroldo Dutra destacou que o propósito do espiritismo é formar seres humanos de bem, que sabem o propósito de sua existência e não se abalam com os problemas da vida, “porque sabem que ela não tem fim”. Segundo ele, os espíritas não têm preconceito, porque veem em todos os seres “obras de um autor de inteligência suprema e infinita”. Haroldo disse ainda que quem deseja homenagear Alan Kardec deve ter ousadia para fazer o bem e defender a paz.
— De mãos dadas com católicos, evangélicos, budistas e membros das religiões de matrizes afrodescendentes podemos nos dar as mãos em torno deste propósito, pois todos queremos felicidade, bem-estar, paz, segurança, alegria, progresso, e a única força capaz de nos sustentar é a força do bem. Esse é o propósito do trabalho de Alan Kardec — acrescentou.
Fonte: Agência Senado
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