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domingo, 7 de abril de 2019

Países adotam resolução inédita para proteger regiões de turfa

A Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, realizada recentemente em Nairóbi, no Quênia, adotou a sua primeira resolução sobre as regiões de turfa, impulsionado esforços de conservação e restauração. 

Pode até não ter sido intencional, mas o Dia Internacional das Mulheres, 8 de março, viu representantes da União Europeia, Indonésia, Noruega, Estados Unidos e ONU Meio Ambiente — por coincidência, todas mulheres — bater o martelo sobre uma proposta de texto comum para uma resolução pioneira sobre as regiões de turfa.

Mulheres rurais em todo o mundo são frequentemente as heroínas esquecidas da conservação dos ecossistemas. Nada mais apropriado, portanto, que a resolução sobre as regiões de turfa tenha sido concebida principalmente por mulheres.

As regiões de turfa cobrem em torno de 3% da superfície terrestre do planeta, armazenando quantidades enormes de carbono e oferecendo habitats para fauna e flora diversas. A descoberta recente de um dos maiores estoques de carbono na Bacia do Rio Congo, a Cuvette Central, que se estende do Congo até a República Democrática do Congo, alterou dramaticamente as estimativas sobre as reservas de carbono encontradas nas regiões de turfa.

A região de turfa de Cuvette Central é uma arca do tesouro da biodiversidade, como descreveu a ministra do Meio Ambiente da República do Congo, Arlette Soudan-Nonault, durante a Quarta Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Outro país que esteve sob os holofotes dos debates sobre as regiões de turfa foi a Indonésia, que compartilhou seus esforços para superar os repetidos incêndios causados pela drenagem desses ecossistemas. A nação asiática também implementa iniciativas de larga escala para restauração e conservação.

Mas as turfas tropicais não são o único tipo que existe. Na verdade, esses ecossistemas são observados em cerca de 180 países. A ONU Meio Ambiente chamou atenção recentemente para as enormes zonas de turfa em áreas de permafrost nos pontos mais ao norte do planeta. O organismo internacional ressaltou a importância de conservar essas formações naturais, que funcionam como um barreira para mudanças climáticas potencialmente catastróficas.

Vista do Lago Sentarum, em Kalimantan Ocidental, na Indonésia, margeado
por formações vegetais de turfa. Foto: Flickr(CC)/CIFOR/Ramadian Bachtiar
“Por meio de negociações, Estados-membros perceberam que, se queriam uma ação global para as regiões de turfa, qualquer resolução precisava cobrir todas as regiões de turfa, não apenas as tropicas”, afirmou a especialista da ONU Meio Ambiente para esses ecossistemas, Dianna Kopansky.

“Delegações da União Europeia e dos Estados Unidos trabalharam juntas com a Indonésia e a República Democrática do Congo para propor um compromisso que promovesse ação climática, restauração dos ecossistemas, resiliência e meios de subsistência sem drenagem. Para muitos países que se deparam com a insegurança climática, a conservação das regiões de turfa é a solução ideal baseada na natureza.”

A resolução final, aprovada na sequência, não é legalmente vinculante, mas os países têm uma obrigação moral de aderir ao texto, que recebeu um forte apoio e também elogios dos Estados-membros, por estar alinhada ao tema da Assembleia da ONU — #SoluçõesInovadoras. A resolução insta “os Estados-membros e outras partes interessadas a dar uma maior ênfase à conservação, gestão sustentável e restauração de regiões de turfa no mundo todo”.

Nos trópicos, como a Indonésia aprendeu, o segredo para prevenir incêndios em turfas é manter as regiões úmidas. Restaurar as regiões de turfa drenadas e degradadas exige, frequentemente, a reumidificação e a restauração da hidrologia das turfas.

A resolução pede que a ONU Meio Ambiente “coordene esforços para criar um inventário global, abrangente e preciso sobre as regiões de turfa”. Sem dados confiáveis, os formuladores de políticas nem sequer sabem onde esses “pontos críticos de carbono” estão. Com isso, não podem implementar mudanças sustentáveis.

A deliberação também encoraja “os Estados-membros e outras partes interessadas a melhorar a colaboração regional e internacional para a conservação e a gestão sustentável das regiões de turfa”. O texto solicita ainda que países e todos os outros atores envolvidos na conservação, gestão e restauração das regiões de turfa “fomentem a conservação e a gestão sustentável” desses ecossistemas.

Trabalhando com muitos parceiros, a ONU Meio Ambiente está começando a transformar as mentalidades sobre as regiões de turfa.

“A adoção da resolução global sobre a Conservação e Gestão Sustentável sobre as Regiões de Turfa marca um momento importante para o meio ambiente, para a conservação da biodiversidade global, ação climática e resiliência”, afirma Tim Christophersen, chefe da Divisão da ONU Meio Ambiente sobre Água Doce, Terra e Clima e presidente da Parceria Global sobre Restauração de Florestas e Paisagens.

“E o momento é propício: a recém-declarada Década da ONU sobre Restauração de Ecossistemas 2021-2030 deve dar impulso aos esforços de conservação e restauração das regiões de turfa.”

Dianna Kopansky acrescenta que “percorremos um longo caminho desde dezembro de 2016, quando a ONU Meio Ambiente foi solicitada a coordenar os esforços para proteger, conservar e restaurar regiões de turfa”.

“Publicações como Smoke on Water e os esforços colaborativos da Iniciativa Global sobre Regiões de Turfa tiveram uma influência imensa na mudança de atitudes”, completa a especialista.

Fonte: ONU
Retirado site: www.ambientebrasil.com.br
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