Oposição questiona legitimidade de venezuelano e cita “cortina de fumaça”
Reportagem – Tiago Miranda
O autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, se encontrou com deputados e senadores nesta quinta-feira (28), após pronunciamento conjunto no Palácio do Planalto com o presidente Jair Bolsonaro.
Juan Guaidó foi recebido pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre - Luis Macedo/Câmara dos Deputados |
Guaidó, que preside a Assembleia Nacional da Venezuela, se autoproclamou chefe do Executivo em 23 de janeiro durante uma manifestação contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro.
Ele está em viagem pela América do Sul em busca de apoio político contra o governo de Maduro. Deve ainda ir ao Paraguai antes de retornar à Venezuela.
Até agora, o Brasil, os Estados Unidos e vários outros países já declararam apoio a Guaidó. Já o governo de Maduro é apoiado por outras nações como Rússia e China.
Para o líder do Novo, deputado Marcel Van Hattem (RS), a visita foi “importantíssima” para demonstrar que os brasileiros estão ao lado dos venezuelanos que “estão sofrendo com uma ditadura”. Segundo ele, a Venezuela precisa resolver internamente seus problemas e não deve haver intervenção militar no país vizinho. “Nós vamos manter nossa tradição pacífica de não intervenção, mas por outro lado é importante levar ajuda humanitária e dar todo suporte político necessário para que a Venezuela possa sair dessa situação”, disse Van Hattem.
A líder do governo no Congresso Nacional, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou que o Brasil não pode fechar os olhos para a situação na Venezuela. “A gente está vendo um massacre de crianças, jovens e mulheres. Gente morrendo de fome”, destacou.
Cortina de fumaça
Já para a vice-líder do PT deputada Erika Kokay (DF) o governo fala muito da Venezuela para tirar a atenção da opinião pública do Brasil. Para ela, a eleição presidencial na Venezuela está sendo desconsiderada. “Receber alguém que se autoproclamou presidente da Venezuela é um desrespeito com o povo venezuelano. É um desrespeito com a democracia e é uma tentativa desesperada deste governo de criar uma cortina de fumaça para que o povo não perceba o que está acontecendo no Brasil.”
Novas eleições
Na visita ao Legislativo, Guaidó não falou com a imprensa, mas concedeu entrevista no Palácio do Planalto, na qual defendeu novas eleições presidenciais para a Venezuela.
“Nossa luta é constitucional, para construir um governo de transição que gere estabilidade, governabilidade e institucionalize uma eleição livre”, afirmou Guaidó, para quem as últimas eleições realizadas na Venezuela, em 2018, em que Maduro venceu, não foram livres e democráticas.
O autoproclamado presidente defendeu o endurecimento das sanções econômicas para reduzir a entrada de dinheiro no país que, segundo ele, está tomado pela corrupção. "As sanções não são só uma questão diplomática, são uma necessidade", disse Guaidó.
Durante o encontro nesta terça-feira (28) no Planalto, o presidente Bolsonaro disse que o Brasil vai seguir as tradições diplomáticas brasileiras, a legalidade e o que foi definido pelo Grupo de Lima. “Apoiamos todas as resoluções do Grupo de Lima para o objetivo que interessa a todos nós: liberdade e democracia na Venezuela”, disse o presidente.
Grupo de Lima
Guaidó participou na segunda-feira em Bogotá (Colômbia) de reunião do Grupo de Lima - bloco de países da região que acompanha a situação. Nela, os membros do bloco – 14 países das Américas - se comprometeram a estreitar o cerco econômico e diplomático a Maduro, mas sem recorrer à força.
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Fonte: Agência Câmara de Notícias
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